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 OCriS PODCAST - Temporada 2022 - Episódio 09

Experimento sonoro colaborativo presencial realizado no dia 11 de outubro de 2022 no Laboratório de Música e Sonoplastia da Universidade Federal do Tocantins, câmpus Palmas.

Participações: Andrey Tamarozzi, Hudson Ralf e Whisllay Jr

Direção: Heitor Oliveira


Diário de bordo

A avaliação do episódio anterior, Reticente, reforçou a impressão geral de que há uma distinção acentuada entre as experiências de escuta no contexto da sessão de improvisação e no contexto da escuta posterior da gravação em estéreo.

Nessa situação específica, a diferença se refere ao modelo de interação sonora diálogo. Na prática presencial, pareceu-nos ter caráter fortemente teatral e galvanizar o primeiro plano da experiência de escuta. Já no áudio estéreo, diálogo e ostinato ficaram mesclados, resultando em uma nuvem rítmica confusa. 

A discussão sobre essas diferenças foi profícua para o desenvolvimento do sistema de improvisação. Por um lado, chama atenção para a maneira como as ações e interações sonoras são concretizadas de maneira multissensorial, no contexto da sessão de improvisação em convívio. Por outro lado, permite refletir e conjecturar medidas para aperfeiçoar realizações em suporte exclusivamente de áudio, como espacialização dos sons, distinção de intensidade para obtenção de equilíbrio sonoro e diferenciação de timbres e registros para produzir diferentes planos sonoros.


Imagem rapidamente ilustrativa.

Experimento da semana

No diálogo com o grupo, apresentei reflexões sobre modelos de ação e interação sonora que vão surgindo de maneira implícita ao longo da prática. Especificamente, ao analisar as práticas de ostinato, parece-me estar implícito o modelo de ação sonora pulso e, algumas vezes, o modelo de interação sonora polirritmia. Decidimos, entretanto, que a exploração mais detalhada desses modelos não é a prioridade para o grupo neste momento.

A prioridade escolhida foi o estudos de mais modelos de ações que permitam desenvolver o aspecto melódico/harmônico das improvisações. Assim, comentei sobre o modelo de ação sonora motivação (construção melódica com variação contínua sobre um motivo) e os modelos de interação sonora contrapontação (adaptação do contraponto de espéces para o tempo real da improvisação) e ciclo harmônico (uma espécie de ostinato harmônico que permite a sobreposição de linhas melódicas improvisadas).

Assim, esta semana, trabalhamos com a contrapontação similar ao contraponto de quarta espécie, alternando ataques e consonâncias e dissonâncias. A ação foi praticada a duas vozes e, depois, adaptada para experimentação a quatro vozes e também a quatro instrumentos. O foco da contrapontação é a ordenação dos ataques e a escuta musical das relações harmônicas emergentes.

Para a sessão de improvisação, delimitamos três momentos de contrapontação. No primeiro, uma dupla depois outra, caminham em direção ao centro do espaço, entoando ataques alternados. No segundo momento, três instrumentos alternam ataques e ocorre uma leitura de trecho do livro Viagem ao Xingu, de Henri Coudreau. No terceiro momento, a contrapontação é realizada em quarteto vocal.

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