Letra e música, mas fragmentadas
Na música popular urbana, essa que domina os meios de comunicação e as plataformas digitais, o repertório é composto quase que integralmente de canções, ou seja, obras que combinam letra, música e performance. A prática da criação de canções está imersa em referenciais consagrados, que fazem parte de uma experiência compartilhada desse repertório. Assim, os gêneros, a instrumentação, os timbres vocais e demais elementos sonoros, todos possuem associações mais ou menos consensuais, por mais variadas e maleáveis que possam ser as propostas criativas dos cancionistas.
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| Imagem meramente ilustrativa. |
Nesse episódio, apresento o resultado de um experimento em que a relação entre letra e música, foi abordada de uma maneira propositalmente fragmentada. Geizi Gonçalves Marinho, uma das participantes da Oficina, compartilhou com os colegas uma letra de canção intitulada "Adeus". Solicitei que os outros participantes respondessem enviando áudios com ideias sonoras suscitadas pela leitura da letra. Não forneci uma moldura prévia (em termos de andamento, tonalidade ou gênero), nem requisitei que seu trabalho devesse resultar na apresentação de uma canção finalizada. Enfim, o que se propunha era uma espécie de tempestade de ideias musicais, condicionadas por um determinado contexto lírico.
Por meio da edição, reuni os materiais enviados em uma espécie de relato poético do exercício. Busquei preservar os áudios enviados na íntegra, admitindo convergências, divergências e choques. Essa escuta fragmentada, sem compromisso fixo com um formato final e definitivo, subverte a lógica muitas vezes mercadológica da produção de canções como produtos e continua a fomentar a imaginação sonora da autora da letra, dos instrumentistas e dos ouvintes do podcast. A duração é de aproximadamente 2 minutos e 20 segundos.
Participações
Geizi Gonçalves Marinho (voz), Henrique de Moura Machado (violão), Hugo Samambaia (cavaquinho)
e Iago Rocha (guitarra)
Edição de Heitor Oliveira
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