Em entrevista concedida a Jean-Yves Bosseur em 1971, Mauricio Kagel afirmava que, muitas vezes, a concepção de uma obra musical parte da imaginação de uma situação. Entende que situações entre músicos são musicais em sentido teatral, sendo possível compor essas situações antes mesmo que uma concepção sonora esteja prefixada. Georges Aperghis expressa ideia semelhante, quando afirma que se propõe a inventar formas de relação entre música e teatro distintas daquelas herdadas da ópera ou do concerto.
O campo aberto pelas reflexões desses dois expoentes do teatro instrumental e teatro musical pós-1960 envolve dimensões como o espaço cênico, a ressignificação do músico como ator e a dramaturgia da performance.
A ressignificação do músico como ator, tema dessa postagem, passa pela gestualidade da própria performance instrumental ou vocal e pode ir além, com a inclusão de ações não vinculadas à execução musical. Refiro-me, por um lado, a inserções efêmeras e submetidas ao fluxo sonoro, como a roteirização do olhar em Le corps à corps (1978), de Aperghis.
E, por outro lado, a casos limites, em que a dimensão acústica é secundária ou mesmo inexistente, como em Poem für einen Springer (1989), de Dieter Schnebel, e Silence Must Be! (2002), de Thierry De Mey (n. 1956).
Nos três casos, o pensamento que orienta a roteirização das ações é musical, calcado em critérios de organização rítmica e formal.
Entre um e outro extremo, a integração entre ações da execução musical e outras ações realizadas pelo músico é campo fértil para a invenção de relações entre música e cena. Em Canção simples de tambor (1990), de Carlos Stasi, não apenas o músico é ressignificado como ator, mas o instrumento é ressignificado como objeto cênico.
A bolinha girando sobre a pele da caixa clara é simultaneamente achado musical ‒ por proporcionar sonoridade sustentada sobre a qual são inseridos ataques e figurações ‒ e achado cênico, numa espécie de número de malabarismo.
O campo aberto pelas reflexões desses dois expoentes do teatro instrumental e teatro musical pós-1960 envolve dimensões como o espaço cênico, a ressignificação do músico como ator e a dramaturgia da performance.
A ressignificação do músico como ator, tema dessa postagem, passa pela gestualidade da própria performance instrumental ou vocal e pode ir além, com a inclusão de ações não vinculadas à execução musical. Refiro-me, por um lado, a inserções efêmeras e submetidas ao fluxo sonoro, como a roteirização do olhar em Le corps à corps (1978), de Aperghis.
Nos três casos, o pensamento que orienta a roteirização das ações é musical, calcado em critérios de organização rítmica e formal.
Entre um e outro extremo, a integração entre ações da execução musical e outras ações realizadas pelo músico é campo fértil para a invenção de relações entre música e cena. Em Canção simples de tambor (1990), de Carlos Stasi, não apenas o músico é ressignificado como ator, mas o instrumento é ressignificado como objeto cênico.
A bolinha girando sobre a pele da caixa clara é simultaneamente achado musical ‒ por proporcionar sonoridade sustentada sobre a qual são inseridos ataques e figurações ‒ e achado cênico, numa espécie de número de malabarismo.
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